CNM alerta que retomada de obras paradas da educação precisa considerar gastos dos Municípios

CNM alerta que retomada de obras paradas da educação precisa considerar gastos dos Municípios
13 de outubro de 2023 Brigadeiro Assessoria

Fonte: CNM

Em audiência pública no Senado Federal, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) reforçou a preocupação da entidade e dos gestores locais com a retomada de obras paradas da educação. Um dos pontos levantados foi o alto custo das contrapartidas para a gestão municipal. O tema foi debatido na Comissão de Educação, na sexta-feira, 6 de outubro, em encontro que tratou de medidas de apoio à infraestrutura educacional no âmbito da meta 7 do Plano Nacional de Educação (PNE).

Representando a CNM, a analista técnica da área de Educação, Natália Cordeiro, apresentou o panorama das obras paradas. Ela destacou que a Medida Provisória (MP) 1.174/2023, que criou um Pacto Nacional pela Retomada de Obras e de Serviços de Engenharia Destinados à Educação Básica, atendeu a um pleito da entidade. Na 24ª Marcha, uma das demandas era a repactuação das obras, com valores corrigidos. “No entanto, ainda temos algumas preocupações importantes para, de fato, solucionar o problema”, afirmou.

No total, de acordo com levantamento da Confederação por meio do Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação (Simec), 1.261 Municípios solicitaram à União a retomada de cerca de 2,6 mil obras, o que representa 79,8% das mais de três mil previstas. Com isso, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) precisa repassar aos Municípios um montante, já corrigido, estimado em cerca de R$ 3 bilhões.

“Parece muito, mas não é bem assim. Precisamos levar em consideração que o FNDE não repassa 100% do valor [necessário]. O Município precisa colocar muitos recursos também, é a contrapartida. E para retomar uma obra, normalmente, é quase do início, muita coisa não é aproveitada”, apontou a especialista. Por isso, ela explicou que um ponto de grande preocupação da entidade precisa ser esclarecido: “É preciso identificar quanto os Municípios gastaram de recursos próprios em obras paradas e qual o montante necessário para a conclusão”.

A representante da CNM enfatizou que a maior parte das obras são de 2013, o que pode demandar ainda mais recursos para recuperá-las. Pelo levantamento da CNM, 660 obras não foram repactuadas e, como procedimento, deverão ser canceladas e os recursos devolvidos, o que representa cerca de R$ 504,6 milhões.

Mesmo no cenário em que as obras foram concluídas, há preocupações. Na área de educação, 4,9 mil Municípios finalizaram 12 mil obras. No entanto, em valores corrigidos, a União, por meio do FNDE, deixou de repassar aos Entes locais cerca de R$ 9,7 bilhões. “Os Municípios pactuaram com o governo, concluíram, entregaram o serviço para a população e estão arcando com todos os custos de manutenção sem receber o valor que deveriam”, apontou Natália Cordeiro.

A Comissão de Educação do Senado promove uma série de audiências públicas para embasar relatório final de avaliação da Meta 7 do Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, que tem como foco a educação básica em todas as suas etapas. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) é responsável pelo relatório e comandou a audiência, realizada de forma virtual.

Também participaram o coordenador-geral de Infraestrutura Educacional do FNDE, Estevão Perpétuo Martins, e o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Manoel Gomes Araújo Filho.